Mesmo buscando fortalecer seu nome no cenário internacional, a banda paraense Calypso não deixa de ratificar suas raízes brasileiras. Os próprios feitos recentes do grupo são um reflexo disso: seu último CD foi gravado na Angola, ao passo que em 2012 o grupo realizou participações especiais na novela Cheias de Charme, da TV Globo.
Com as duas maiores festas juninas do nordeste, o Calypso também mostra que não pretende se afastar do Brasil. A presença do grupo da cantora Joelma e do guitarrista Chimbinha é praticamente obrigatória nas festas de Caruaru e Campina Grande todos anos, sendo uma das atrações mais aguardadas pelo público. Eles se apresentaram para um público de mais de 60 mil pessoas em Caruaru e, nesta terça (19), fazem show no São João de Campina Grande.
Terra - Qual a expectativa da banda para tocar em Campina Grande? As comemorações do centenário de Luiz Gonzaga influenciam nessa expectativa?
Calypso - Estamos muito ansiosos para tocar mais uma vez nesta cidade pela grandiosidade da festa junina que promovem. Todos os anos, nós montamos um show específico para o São João, inclusive com direito a um bloco com músicas nossas em ritmo característico. Além disso, há outras músicas tradicionais que colocamos para encenar uma quadrilha em nosso palco. Luiz Gonzaga influencia todas as bandas do Nordeste, e apesar de sermos do Norte, deixamos que o trabalho dele também nos influencie. A expectativa é a melhor possível.
Terra - Qual é a ligação da banda com Caruaru e Campina Grande? As duas cidades foram importantes para a trajetória e projeção da banda no cenário nacional?
Calypso - Sem dúvida. Nunca fizemos um show nessas cidades em que as casas não estivessem lotadas. As duas cidades ajudaram a propagar a nossa música para o interior, tanto de Pernambuco quanto da Paraíba.
Terra - O que o público pode esperar do show? A banda planeja adaptar seu repertório, ou tocar músicas ou estilos diferentes?
Calypso - Até uma quadrilha nós preparamos. Nosso show ganha uma cara bem junina. E o nosso repertório é completamente adaptado ao período.
Terra - As festas de Caruaru e Campina têm algo de especial em relação a outras comemorações no Brasil? Por que o País precisar conhecer as duas festas?
Calypso - O Brasil é um País de muita festa. E no Nordeste inteiro as festas juninas são muito bem elaboradas. O que essas duas cidades têm de diferente é um pouco mais de cuidado com o evento, grandes estruturas são montadas e tudo fica muito convidativo aos turistas. Bandas muito boas passam por elas e algumas têm até cidade cenográfica. É muito bacana.
Terra - Como é a preparação para eventos desse porte? A Joelma costuma ter cuidados especiais com a voz? O Chimbinha tem algum tipo de ritual?
Calypso - Os nossos cuidados com voz e preparação física são de ano a ano. Graças a Deus nós tocamos o ano inteiro em festas maravilhosas e por isso temos que ser regrados o tempo todo.
Terra - E para aguentar a rotina de shows ao longo do ano?
Joelma - Eu tenho uma alimentação muito balanceada. Me alimento a cada três horas, conforme orientam todos os nutricionistas. Além disso, eu malho no mínimo três vezes por semana. E mesmo nesse período de muitos shows como é o de São João, eu tento continuar malhando regularmente.
Terra - Existe alguma receita para animar o público em shows durante a madrugada?
Calypso - Música boa, animada, que faça a galera dançar. Essa é a nossa aposta.
Terra - A banda chegou a ir a alguma das festas como espectador, antes ou depois da carreira? O que agradou mais na oportunidade?
Calypso - Nunca havíamos ido ao São João de Caruaru e de Campina Grande, antes de sermos profissionais da música. Só fomos para animar a galera.
Terra - O Calypso sente que possui um público diferente do início da carreira hoje? Por quê? A banda costuma esperar um público fiel ou pessoas atraídas pela curiosidade?
Calypso - Temos um público muito fiel que vai atrás da banda em todos os lugares. Só Deus sabe explicar o tamanho desse amor que eles sentem por nós. Contamos com eles nos shows, e também com quem quer animação.
Terra - Quantos shows fazem por mês?
Calypso - No São João fazemos quase 30 shows no mês. Em outros períodos, fazemos em média quatro shows por semana.
Terra - Acham que o technobrega ganhou mais destaque com a estreia da novela Cheias de Charme?
Calypso - Não só o tecnobrega. Uma novela que aborda o meio musical e dos shows traz destaque para todos os ritmos. Até o nosso ritmo, que é o Calypso, também ganhou mais destaque com a nossa participação. O axé também foi evidenciado com a participação da Ivete e o próprio sertanejo, que é o que toca o personagem do Fabian.
Terra - Acham positiva a interpretação da Cláudia Abreu no papel de Chayene ou acham exagerada?
Joelma - A Cacau (Cláudia Abreu) é ótima. Uma grande atriz que está mandando muito bem na personagem. Quando ela me disse que ia usar um cabelo parecido com o meu, fiquei feliz, mas na mesma hora ela me disse que a Chayene (personagem interpretada pela atriz) é uma junção de várias artistas. Entre elas, eu.
Terra - São amigos da Gaby Amarantos?
Calypso - A Gaby é ótima. Está arrasando e numa fase maravilhosa. Somos do Pará, mas de épocas diferentes e saímos de lá já faz mais de 10 anos. Sempre que nos encontramos conversamos muito e damos muitas risadas. Só não frequentamos os mesmos grupos de amigos porque moramos em cidades diferentes. Mas temos amigos em comum e tanto eu quanto o Chimbinha gostamos muito dela.
Terra - São fãs de música internacional? Se sim, de quem? Gostariam de fazer show com algum artista internacional?
Joelma - Vários. Adoramos. Eu tenho escutado muito Adele. O Chimbinha tem as preferências dele, mas ouve de tudo.
Fonte: Terra